21 outubro 2005

 

Telefone sem fio

O referendo não foi idéia do atual governo. Já estava marcado quando o Estatuto do Desarmamento foi aprovado, ainda no governo anterior, mas não podia vir em melhor hora. Num ano sem Olimpíadas e sem Copa do Mundo, nada melhor do que uma discussão irrelevante e polêmica (toda discussão irrelevante é polêmica por natureza) para distrair a população cansada de ver notícia de mensalão no jornal (você está cansado?). Nada como jogar uma decisão insignificante e sem maiores efeitos no colo do povo para mostrar como se é democrático.

O referendo não é sobre andar armado. O referendo não é sobre ter armas. A pergunta é sobre o comércio de armas de fogo. Os poucos que quiserem comprar uma nova arma ou os que já têm arma e fazem questão de comprar munição legalizada é que serão afetados. Todo o resto, quem tem arma ilegal ou não se importa de comprar munição ilegal, não vai ser afetado.

Os fabricantes de armas, mesmo no Brasil, não serão afetados: vão continuar exportando a maior parte da produção (como sempre) e vendendo o resto para o exército, para as polícias e as empresas de segurança (que obviamente continuarão armadas). Uma parte do que for exportado voltará como contrabando (como sempre), seja pelo Paraguai ou por qualquer outro canto da nossa sólida fronteira.

No fundo, o referendo é muito mais político do que sobre o desarmamento ou a violência. O resultado do referendo vai mostrar como os brasileiros pensam sobre política. É um termômetro, para saber como devem ser as campanhas de 2006. O eleitor prefere campanhas que pareçam mais racionais, como um documentário, ou cheias de apelos emocionais, como uma novela? Prefere ver pessoas desconhecidas, com quem possa se identificar, ou atores globais, que aprendeu a admirar? Quanto a televisão influencia na opinião de cada nível de renda, em cada parte do país e em cada faixa etária?

O eleitor prefere um governo que controle mais como as coisas são feitas, com mais leis e regulamentos, ou um governo mais liberal, que deixe que a população faça as coisas por si mesma e que arque com as consequências?

Qualquer que seja o resultado, é melhor começar a economizar dinheiro para contratar a empresa de segurança de sua preferência. Lembre de contratar uma empresa que seja pela paz e pela vida e não essas empresas machistas e ultrapassadas cujos funcionários andam por aí com arma na cintura, atirando sem motivo, querendo provar alguma coisa. Tem que ser uma empresa do tipo que não reage a assalto, porque isso é muito perigoso. O Ronaldinho que o diga.

Pão no circo dos outros é refresco.



Que tipo de gênio faz telemarketing de assistência funerária com os moradores de um bairro chamado Cidade Universitária, onde só moram estudantes?

Tá certo que universidade é difícil, mas isso é o cúmulo do exagero.

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